top of page

FUTEBOL É AMOR

Com dois times na elite do Estadual em 2023, futebol de Maringá terá temporada histórica! Na quase totalidade das vezes que equipes da Cidade Canção subiram para a Primeira Divisão do Paranaense, elencos tinham nos bastidores, no comando da rouparia, Ely Lima, figura pé quente que você vai conhecer agora


TEXTO CLÁUDIO VIOLA FOTOS FELIPE AUGUSTO / FERNANDO TERAMATSU / JOÃO PAULO SANTOS



Maringá viverá em 2023 um ano histórico para o futebol profissional da cidade. Pela segunda vez nos mais de 50 anos que a modalidade é praticada na região, o município terá dois representantes na elite do Campeonato Paranaense. Isso ocorre em função do acesso do Aruko Sports Brasil à primeira divisão da competição neste 2022. O clube, fundado em dezembro de 2020, disputou a terceira divisão Estadual no ano seguinte, subindo para a divisão de acesso neste 2022. Foi vice-campeão, perdeu a final para o Foz do Iguaçu, mas se garantiu na ‘Primeirona’ para próxima temporada.


Vai se juntar ao Maringá FC, atual vice-campeão, também de fundação recente. Iniciou atividades em 2010 e neste período chegou duas vezes no topo da competição, perdendo as finais em 2014 e 2022 para Londrina e Coritiba, respectivamente.


Antes, os torcedores da Cidade Canção tiveram privilégio de soltar o grito de ‘é campeão!’ em três oportunidades: nos anos de 1963 e 1964 com o Grêmio Esportivo Maringá e na temporada de 1977, representados pelo segundo Grêmio, o de Esportes, consagrado como o Galo do Norte.


A trajetória, que orgulha os adeptos da bola, tem um personagem que detém condição única por conta de sua onipresença na maioria das conquistas. Ely Lima, de 65 anos, foi responsável pela rouparia de praticamente todos os clubes que construíram essa história. A função denominada ‘mordomo’ é para o exercício do cuidado com a indumentária dos jogadores. Parece simples, mas é um mister que vai além de preparar camisas, calções e chuteiras para os craques entrarem em campo. O “roupeiro” é quase sempre um conselheiro para os atletas em suas aflições extracampo.


Ely ingressou na profissão por acaso, na década de 1970. Morador da Vila Operária, bem próximo do centro de treinos do GEM, o Brinco da Vila, recebeu convite para ser uma espécie de assistente da rouparia. O então técnico da equipe, Sílvio Pirilo, ex-jogador com passagem marcante pelo Flamengo, o apadrinhou. Carismático, se deu bem na função e teve a mais intensa emoção da carreia no segundo ano de atividade (1977), quando o time foi campeão estadual. Ele aparece no pôster comemorativo perfilado com jogadores históricos como Didi, Nivaldo, Assis, Freitas, Itamar e Ferreirinha. “Não dá para descrever a sensação daquela conquista. Já faz 45 anos e parece que aconteceu ontem”, relembra.


Pouco tempo depois assumiu a titularidade do departamento e permaneceu no Alvinegro até a sua extinção, em 1996. Vestiu os craques que tiveram ao longo deste tempo uma trajetória de altos e baixos. Em cima, quando mais uma vez foi finalista do Estadual, mas perdeu o título para o Londrina, em 1981, e nas campanhas do Campeonato Brasileiro, quando enfrentou adversários no nível de Flamengo, Corinthians, Vasco, Grêmio, Internacional, Flamengo, Cruzeiro... Mas igualmente vivenciou a decadência do Alvinegro, que foi rebaixado para a segunda divisão estadual em 1996 e nunca mais se reergueu. “A alegria de subir para a primeira divisão, de conquistar um título de campeão, não se compara com a tristeza de um rebaixamento. Fica a impressão de que a culpa é sua, mesmo não entrando em campo. De que você poderia ter feito alguma coisa diferente, falado alguma coisa para os atletas evitarem aquela situação. É muito difícil”, considera.


Mas Ely teve muito mais para comemorar no seu envolvimento com o futebol. Com a extinção do Galo do Norte, surgiu na cidade o Maringá FC (1997) de existência efêmera. Neste (que não é o atual), e no novo Grêmio que estabeleceu em 1998, a rouparia também foi dele. Com as duas siglas subiu para a primeira divisão conquistando troféus do Estadual. Em outra agremiação a história se repetiu, quando integrou o elenco do Galo Maringá, equipe que existiu entre 2005 e 2009.


Além de clubes maringaenses, Ely cuidou da aparência de equipes em outras agremiações profissionais. Serviu o Operário de Ponta Grossa e mais recentemente foi bicampeão estadual no Mato Grosso do Sul com o Águia Negra de Rio Brilhante, nas temporadas de 2019 e 2020. Voltou para a cidade natal para, nas duas últimas temporadas, contribuir com o sucesso do Aruko Sports Brasil, a emergente de Maringá com DNA (e investimento) japonês.




Após campanha histórica, Maringá FC vê temporada 2023 como promissora



Com duas decisões na elite do Campeonato Paranaense da Primeira Divisão, o Maringá FC fez história no futebol profissional do Estado. Fundado em 2010, o Tricolor vai disputar na próxima temporada a sua sétima edição na principal categoria da modalidade. No período, decidiu os títulos em 2014, perdendo nos pênaltis para o Londrina, e neste 2022, quando caiu frente ao Coritiba (1 a 2 e 4 a 2), mas deixou o Estádio Couto Pereira aplaudido pela torcida adversária. Vice-campeão, o time tem um promissor 2023. Além do Estadual, está qualificado para as disputas do Brasileiro da Série D e Copa do Brasil.


João Vítor Mazzer, presidente da agremiação desde 2016, considera que a conquista de calendário nacional é uma mudança de fase. “Estamos num outro patamar. Com isso existe o estímulo de investidores, teremos melhores condições na captação de patrocínio. Somos um produto mais interessante e precisamos de empenho para explorar bem isso”, observa. “Nossa aposta na próxima temporada é ficar entre as 20 equipes que efetivamente vão disputar o acesso para a Série C, e chegar lá. Temos como exemplo o Operário e o Londrina, e sabemos que chegar à Série B é possível”, aposta.


Tão importante como as conquistas dentro de campo, o clube se orgulha de estar entre os mais organizados do País. Folha de pagamento em dia, credibilidade para transações com outras siglas e um crescente número de adeptos, evidenciam que o clube está no caminho certo. Nunca na história do futebol profissional no interior se viu pelas ruas da cidade tantas pessoas vestindo o ‘manto’ tricolor. Nos jogos do Estádio Estádio Willie Davids, diferente do que era em tempos passados, o que se viu foram adeptos vestindo a camisa tricolor. Resultado de afinada campanha do departamento de marketing e, naturalmente, dos bons resultados com a bola rolando.


Sobre a concorrência de um outro time no Estadual da Primeira Divisão, João Vitor tem posição: “Acredito que seja algo natural, que já aconteceu no passado e poderia acontecer em qualquer momento. Assim como em 2017, quando também tínhamos duas equipes da divisão de acesso. O fato de ter duas equipes na elite do futebol do estado fortalece o futebol em nossa cidade, fortalece o nome da nossa cidade no Estado e terá mais visibilidade. Isso é benéfico. O Maringá Futebol Clube segue com seu projeto normalmente e torce para que outros bons projetos de futebol sérios também cresçam em nosso Estado”, pontua.


Alex Santos, o elo com o Japão para o fortalecimento do Aruko



Não é segredo que a base do êxito conquistado pelo Aruko Sports Brasil em Maringá é decorrente do investimento japonês. Os recursos para a manutenção do clube, desde as categorias de base aos profissionais é bancado por empresário nipônicos. E por que os asiáticos escolheram a Cidade Canção para construir e manter um clube de futebol? A resposta tem nome: Alex Santos.


Filho do ex-jogador Wilsinho do Grêmio de Esportes Maringá, campeão em 1977, Alex surgiu nas categorias de base do clube e ainda adolescente se transferiu para o Japão. Lá se profissionalizou e atingiu posição de destaque ao ponto se naturalizar para servir a seleção de futebol do País. Com a camisa japonesa disputou as Copas do Mundo de 2002 e 2006. Sua trajetória como atleta profissional em gramados japoneses lhe emprestou imenso prestígio naquele país. Tanto que ao encerrar a carreira no oriente, retornou para Maringá e instalou um projeto social a partir do futebol. O Instituto Alex Santos, que atendia crianças e adolescentes, evoluiu para o time profissional, fundado em 2020 e vai disputar a primeira divisão no Estadual na próxima temporada. É o CEO do Samurai Black. Quando assumiu a missão, projetou: “Espero que a parceria com a ARUKO traga bons frutos para nossa região, mais estrutura e qualidade na gestão do nosso Projeto, com o objetivo de oferecer a melhor formação para os atletas do Brasil e também do Japão!”.


bottom of page