Há 10 anos, grupo reúne idosos acima de 70 anos para promover bem-estar, qualidade de vida e amor
TEXTO VINÍCIUS LIMA FOTOS JEFFERSON OHARA
Em 2018, com 417 mil habitantes, a população idosa de Maringá era de 76 mil pessoas, 18% da população da cidade. A projeção do IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) para 2046 é que Maringá alcance 576 mil habitantes, sendo 197 mil idosos, ou seja, 34% da população da cidade, um percentual superior à média nacional e considerado compatível com o de países desenvolvidos.
Atento a estes indicadores, Maringá tem recebido, tanto do poder público quanto da iniciativa privada e grupos da sociedade civil organizada, inúmeros programas que favorece o bem-estar e a vida ativa na terceira idade, como as ATIs (Academia da Terceira Idade) em praças públicas; Ginástica funcional e hidroginástica nos Centros Esportivos; Roda de Conversa mediada por uma psicóloga voluntária todas as tardes de sexta-feira no bloco E46 da UEM (Universidade Estadual de Maringá); além da Unati (Universidade Aberta à Terceira Idade) que também acontece na sede da UEM.
Outro grupo é o Guenki – Centro de Atividades para a Terceira Idade, que tem uma proposta de atendimento ao público acima dos 70 anos de idade que residem em Maringá e região.
O Guenki oferece atividades orientadas e planejadas com o intuito de promover um envelhecimento saudável e ativo, por meio da manutenção e desenvolvimento das capacidades cognitivas, físicas, emocionais e sociais. As atividades são realizadas em grupo e promovem a socialização, interação entre os integrantes e toda a equipe de profissionais. Atualmente o grupo conta com participantes entre as idades de 74 a 90 anos.
O Guenki funciona no Templo Budista Jodoshu Nippakuji de Maringá e atende no máximo 12 idosos por grupo, para que haja qualidade de atendimento e de observação por parte dos profissionais que, sob a coordenação da psicóloga Andréa Orasmo, realizam atividades todas as tardes, de 13h30 às 17h30. São enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacional, musicoterapeuta, fisioterapeuta, professor de teatro e dança, professor de oficina do fazer, auxiliar de grupo, copeira, além de motorista e acompanhante especializados em transporte de idosos, que realizam o transporte diário dos integrantes. Há ainda outros profissionais que são convidados para palestrar ou oficiar no Guenki, como professor de dança, origami, culinária, argila , entre outros.
Andréa explica que o objetivo do Guenki é ser um centro de atividades voltado à terceira idade onde o conhecimento integrado de diversos especialistas são aplicados para garantir a capacidade funcional, cognitiva, emocional e social por meio de diversas práticas. “Todos os objetivos das atividades são explicados e compartilhados com os integrantes do grupo, para que haja um desejo e uma motivação para a realização das mesmas, porque cada ação e estímulo têm finalidade e benefício”.
Em um mundo onde as pessoas estão condicionadas ao produzir (financeiramente) e lucrar, o aposentado muitas vezes pode sentir que deixou de pertencer à sociedade quando parou de trabalhar, quando na verdade existe a bagagem de uma vida de experiências a ser compartilhada e muito mais a ser produzido e feito. É por isso que o espaço Guenki promove atividades que permitam a capacidade do fazer, convivência, reflexão e escolha.
O nome Guenki é uma adaptação fonética do termo japonês Genki ( ) que significa “saúde, energia, vitalidade”, uma trilogia difícil de ser alcançada quando o corpo e a mente não estão em movimento. Andréa explica que “nosso corpo, independentemente da nossa idade, precisa estar em movimento e aprender, no caso da terceira idade não é diferente. Em casa, na frente da TV, ou só na cama não há estimulação, interação e socialização. Nosso aprendizado é constante e nunca é tarde para começar!”
Um dos casos mais marcantes na história do grupo foram duas senhoras (cujos nomes preservamos a pedido das famílias) que se conheceram quando meninas na fazenda em que moravam e quando se mudaram para outra cidade, perderam o contato. Quase 8 décadas depois elas se reencontraram no Guenki, e se reconheceram por seus sobrenomes e histórias compartilhadas.
Que experiência! Quanta vida para compartilhar uma com a outra... e para viver ainda. Tem gente que no Guenki descobre que aos 80 anos pintar é uma oportunidade e que tocar um instrumento é um prazer.
O Guenki foi fundado em 2009 e este ano completa 10 anos. O grupo usa as instalações concedidas pelo Templo Budista e tem todos os custos com profissionais, transporte, materiais e instrumentos custeados pelas famílias dos idosos em atendimento. Até o momento do fechamento dessa edição 9 idosos integravam o grupo, somando em 3 o número de vagas disponíveis. Acesse projetoguenki.com.br
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