por Dra. Thais Helena Hernandez Micheletti Freire
FOTO JOÃO PAULO SANTOS
Você sabia que 70% das queixas estéticas em todo o mundo é a gordura abdominal? A deposição de gordura nessa região é, muitas vezes, um fator genético, porém várias condições podem levar à piora do quadro, por isso o tipo de abordagem e tratamentos possíveis são individualizados.
Primeiramente é preciso avaliar se a gordura é visceral ou subcutânea. A gordura visceral, como o próprio nome sugere, é a gordura que se acumula na cavidade abdominal mais próximo de alguns órgãos vitais, ela é comumente associada a quadros de síndromes metabólicas e resistência insulínica. Para combater a gordura visceral o tratamento é baseado na redução do peso corporal por meio de um programa que visa modificar o estilo de vida do paciente ao introduzir a prática diária de atividade física e uma dieta baseada na redução da ingestão de carboidratos, o que ajuda muito a amenizar o quadro de resistência insulínica.
É importante entender que a resistência insulínica nada mais é do que uma dificuldade do organismo de fazer o hormônio da insulina agir de forma correta. Seu papel primordial é transportar a glicose do sangue para o interior das células, para gerar energia, quando esta capacidade está diminuída, a glicose se acumula no sangue, dando origem a diversas complicações.
Gosto de usar uma metáfora muito simples comparando nosso estoque de gordura (ou seja, energia) com dinheiro na conta. O dinheiro na poupança é como se fosse nosso estoque de gordura, e os açúcares e carboidratos que ingerimos é dinheiro na conta corrente, ou seja, se ingerimos muita energia o corpo não vai utilizar nossa conta poupança, assim como você não paga boleto com a conta poupança, e sim com a conta corrente. Nosso corpo só vai começar a utilizar e mobilizar essa poupança de energia se diminuirmos a ingestão de energia alimentar, ou em um processo de jejum, por exemplo.
Também podemos utilizar medicamentos específicos que agem na resistência insulínica, na redução do apetite e também na ansiedade do paciente. Dentre as principais causas de resistência insulínica e ganho de gordura visceral estão, além dos fatores genéticos, doenças como síndrome dos ovários policísticos, andropausa, menopausa, diabetes tipo 2, síndromes metabólicas, entre outras. Por isso o tratamento é sempre individualizado, pois em muitos destes casos a reposição hormonal também é indicada.
Em outro cenário, quando a gordura abdominal é subcutânea, logo abaixo da pele, gerando aquela barriguinha “mole”, o tratamento pode ser feito através do emagrecimento e o auxílio de tecnologias como CoolSculpting, desenvolvido pela Universidade de Harvard, sendo o único tratamento não invasivo até o momento aprovado pela Anvisa, FDA e EMA que consegue reduzir em até 27% da gordura localizada em uma única sessão através do congelamento do tecido adiposo.
Fato interessante: quando engordamos, as células de gordura literalmente inflam, aumentando seu volume, porém elas não se multiplicam (salvo em fases de crescimento durante nossa infância, quando estas células se dividem), isso quer dizer que ao remover células de gordura mecanicamente por meio de procedimentos como CoolSculpting ou mesmo abdominoplastia e lipoaspiração, essas células não voltam a inchar. Caso o paciente volte a ganhar peso, os estoques de gordura e energia são geralmente direcionados para outras regiões do corpo onde o volume de células de gordura é maior.
Thais Micheletti Freire (CRM/PR 20380) recebeu o título de especialista em Clínica Médica pela Sociedade Brasileira de Clinica Médica (RQE/PR 13273) e de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (RQE/PR 13791).
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