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A descoberta da seda pelo homem é repleta de lendas. Uma delas conta que uma imperatriz chinesa a descobriu quando, tomando chá sob pés de amoreira, um pequeno casulo de bicho-da-seda caiu dentro de sua xícara acidentalmente. Foi quando percebeu que, amolecido, o casulo podia desenrolar-se e formar um fio muito, muito fino. Após algumas tentativas, conseguiu tecer o filamento da seda em um pedaço de tecido.
Não foi com chá, mas com café, sorriso no rosto e a maior boa vontade do mundo que Gustavo Augusto Serpa Rocha recebeu a WIT e o Consultório de Estilo para contar a história de sua empresa, O Casulo Feliz. Podemos dizer que se os chineses descobriram a seda, Gustavo a reinventou. Há 30 anos, durante as aulas de sericicultura que ministrava na Universidade Estadual de Maringá, o zootecnista teve um insight primoroso: percebendo o descarte de tanto material considerado inadequado pela indústria têxtil, teve a brilhante ideia de reaproveitá-los. Foi quando, em 1988, nasceu O Casulo Feliz, uma empresa que se apoia, desde o início, em 3 pilares fundamentais: reaproveitamento de matéria-prima; responsabilidade social e viabilidade econômica.
O reaproveitamento de matéria-prima, a fiação manual e o tingimento natural são a base e estão impregnados no DNA da empresa. O que poucos sabem, no entanto, é que O Casulo está inserido em uma comunidade de baixa renda, oferece treinamento especializado ligado às diferentes etapas do processo de produção e efetivamente contrata mão-de-obra local. Sempre atento ao fato de que a Responsabilidade Social da empresa não se limita a caridade, mas sim, ao crescimento da cidadania de todos os participantes. Outro ponto de atenção da empresa é o incentivo ao estudo dos seus colaboradores. Um exemplo completamente coerente com a ideia do casulo: transformação e valorização.
O Casulo Feliz não conta com apoio de investidores ou governamental e Gustavo orgulha-se em dizer que construiu seu sonho com a ajuda de sua família: sua esposa, Fatima Zubioli (premiada em 2007 com o titulo de Empresária do Ano pela ACIM) e sua filha, a designer Glicínia Setenareski.
No princípio O Casulo desenvolvia tecidos e produtos para decoração, mas a empresa precisou sofrer adaptações a partir de 2008 com o advento da crise econômica mundial, as mudanças de condições sociais e a facilidade ao acesso à produtos de decoração provenientes da China. Nesta época Gustavo conheceu Oskar Metsavaht, da Osklen, marca brasileira caracterizada por mesclar “o urbano e a natureza, o global e o local, o orgânico e o tecnológico”. Foi aí que O Casulo viu um outro ramo a ser explorado: o segmento da moda.
Além da Osklen, a empresa atende outras marcas bem conceituadas no cenário nacional como Fabiana Milazzo, Animale, Vanessa Montoro, Cris Barros, Flavia Aranha, Marcelab e Julia Golldenzon. O Casulo fornece para grandes marcas, sim, mas não deixa de enaltecer seus parceiros menores no tamanho, mas com um propósito tão grande quanto o dele, como o estilista paranaense Enéas Neto e o gaúcho Carlos Bacchi – que desenvolvem trabalhos brilhantes, diga-se de passagem, e Gustavo faz questão de preconizar isso. Aliás, lealdade e longevidade em suas parcerias é apenas mais um ponto com o qual nos identificamos com O Casulo, uma empresa que nos encanta pela causa que prega e por toda verdade que existe nela.
Preocupar-se com sustentabilidade e ações efetivas nesse sentido é um must para qualquer empresa que queira sobreviver no cenário contemporâneo. Preconizar este tema 30 anos atrás faz d’O Casulo um pioneiro no Brasil e no mundo. Ter acreditado, se jogado e propagado este conceito quando nem sequer falavam à respeito, certamente demandou visão, equilíbrio e criatividade em prol de um mundo melhor.
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