Você sabia que uma simples mosca pode carregar 251 tipos diferentes de bactérias? As pragas urbanas são reais e são presentes, por isso convidamos o especialista Eslauco Dvoranen para desmitificar as lendas populares que envolvem o controle dessas pestes modernas
TEXTO VINÍCIUS LIMA FOTO JOÃO PAULO SANTOS
Os cenários urbanos estão todas infestadas de animais e insetos indesejados, que provocam repulsa e até fobia. Mais do que nojo, a presença deles em casa pode representar uma séria ameaça à família. Conhecidos como pragas urbanas, estes animais carregam não apenas milhares de vírus e bactérias, mas também muitos folclores e mitos que deturpam suas verdadeiras características e propagam falsas ideologias e técnicas ineficazes (algumas absurdas) de combate a este mal.
Em passagem por Ivaiporã, o agrônomo e mestre em controle de pragas pela UEM (Universidade Estadual de Maringá) Eslauco Dvoranen percebeu em um mercado local alguns pequenos pedaços de papelão espalhados pelo chão, todos com uma substância cinza em cima. Logo ele achou que havia identificado um mito: o de que se você misturar cimento com açúcar o rato come e aquele cimento empedra no sistema digestivo, matando o animal. Tomado pela curiosidade, ele foi tirar a prova com o proprietário do supermercado, quando descobriu que se tratava de algo ainda mais bizarro: “ele disse que depois de já ter tentado de tudo, ele contratou uma benzedeira para tentar conter a infestação de ratos”, conta Eslauco.
A esta seguem outras dezenas de lendas urbanas relacionadas ao controle de pragas, como o mito de que existe um veneno que seca o rato após matá-lo; a de que se colocarmos a mão no veneno o rato não come; que não existe veneno para matar escorpião; e até mesmo a de que morcego é rato velho que criou asas. “Para todo problema difícil de ser solucionado, quando não se buscam evidências científicas para resolver o caso, começam a surgir as lendas e mitos. Eu comprovei em laboratório que não existe uma porção de veneno de 2gr capaz de desidratar um rato que pode chegar a até 400gr se ele morrer em uma superfície impermeável e ao abrigo do sol, só para citar um exemplo”, esclarece Eslauco.
Dentre as pragas existentes hoje em nosso ecossistema urbano, muitas são populares e algumas incrivelmente desconhecidas, como é o caso do percevejo de cama. Como o próprio nome sugere, esse parasita gosta mesmo é de se instalar no madeiramento da cama. Quando as luzes se apagam ele sai do seu refúgio para sugar o sangue da pessoa enquanto dorme. Sobre este inseto, Eslauco explica: “é muito comum as pessoas que vêm do exterior trazer esse parasita nas malas. Já atendi casos de pessoas verdadeiramente atordoadas, a ponto de quererem abandonar a casa com tudo dentro, por causa do percevejo de cama”.
Os mais conhecidos e não menos perigosos são: mosquitos, moscas e pernilongos, aranhas, ratos, traças, cupins, formigas, carrapatos, baratas e escorpiões. Este último tem sido um caso preocupante para Maringá, que atualmente é líder no Estado em casos de acidentes envolvendo escorpiões, segundo dados do Programa Estadual de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos e Venenosos. Em 2019 foram registradas quase 200 ocorrências médicas por picada de escorpião amarelo, com casos graves envolvendo crianças, e 1.079 reclamações de escorpião em casa registrado pela ouvidoria do município.
A DDTudo
A DDTudo é uma empresa de controle integrado de pragas urbanas fundada por Eslauco Dvoranen em 2007 após uma demanda natural pela profissionalização de seus serviços. Antes disso ele fazia bicos na área durante seu período de mestrado, para aplicar na prática o conhecimento científico adquirido sobre o uso de químicos e sua tecnologia de aplicação no meio ambiente. A empresa surgiu quando ele percebeu que seu trabalho era muito mais técnico do que as práticas vigentes até então no mercado. “Antes o controle de pragas era baseado em mitos. Eu busquei informações técnicas relevantes na literatura internacional e consegui desenvolver uma metodologia de trabalho que hoje é aplicada em dezenas de empresas de grande porte e também em pequenas residências”.
Na prática o procedimento de controle integrado pode ser direcionado para qualquer praga. O controle integrado é um conceito vindo da agricultura que integra diversas formas de ver o problema e realiza um trabalho multidisciplinar para a solução personalizada de cada caso. Ou seja, é muito mais complexo do que administrar um veneno para exterminar uma praga. O controle integrado envolve: monitoramento, inspeção e exclusão do ambiente, educação e treinamento dos moradores ou usuários, a manutenção do ambiente e um planejamento baseado em todos os itens anteriores. “Este planejamento pode envolver o uso de químicos [venenos], porém de uma forma muito mais racional, apropriada e direcionada”, esclarece Eslauco.
Hoje os ganhos sociais promovidos pela DDTudo vão muito além da dedetização. Ao expandir suas operações para a modalidade de franquia, o empresário Eslauco desenvolveu em parceria com a Yamada Educação uma plataforma virtual de treinamento direcionada não apenas para os franqueados, mas para toda a população, possibilitando gratuitamente a formação como Técnico em Dedetização para qualquer pessoa.
Uma peça-chave nesse processo de expansão das operações da empresa em nível nacional foi a entrada de Vinicius Morais como sócio do grupo. Especialista em Marketing pela PUC-PR e Especialista em vendas e liderança, Vinicius foi inicialmente contratado de forma terceirizada para reestruturar o departamento comercial da empresa. “Quando conheci de perto o trabalho feito pela empresa fiquei impressionado com a forma profissional com que eles lidam com cada processo, desde plantas com o mapeamento topográfico da área infestada até planilhas virtuais de prestação de contas ao clientes em cada fase do trabalho, embora familiar e regional a empresa já se comportava como uma grande marca”, explica Vinicius ao justificar sua entrada no quadro societário da empresa.
Em 2020 a DDTudo está em fase de implantação da primeira unidade piloto de franquia e a previsão para lançamento é em 2021.
