por arquiteta Maria Fernanda Gevaerd
Peça-chave no cotidiano de qualquer pessoa, as cadeiras carregam uma enorme bagagem, repleta de histórias e de evolução. O mais interessante é que essas peças, tão presentes em nosso cotidiano, podem revelar muito a respeito do contexto em que foram criadas, e de como as pessoas de diferentes épocas se relacionavam com o seu entorno. A cadeira em sua forma mais rudimentar (simplesmente um assento elevado do chão) foi criada há mais de 5800 anos. Quase mil anos depois é que a história foi registrar, na civilização egípcia, o primeiro encosto lombar acrescentado à cadeira. Que revolução! Depois disso vieram apoios para braço, estofados, apoio para os pés e centenas de milhares de formas, cores e padrões, tornando-se uma das peças preferidas de criação de renomados designers modernos e contemporâneos. A diversidade de formas é tão grande que as cadeiras ganharam até mesmo subcategorias, sendo classificadas às vezes como poltrona, banco, banqueta e por aí vai. Como arquiteta, estimo muito a história de cada uma dessas criações, e acredito que o bom design é perene, puro, mais forte que o próprio tempo, e permanece atual a despeito de modismos. Para esta coluna, selecionei 3 ícones do design nacional, aqui apresentados por minha filha Helena.
Paulistano
Um marco na história do design contemporâneo, a cadeira Paulistano foi projetada em 1957 pelo arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha para mobiliar o Ginásio do Clube Athlético Paulistano. Feita de aço flexível e uma peça de couro ou lona que veste a armação como uma roupa, a Paulistano encanta pela simplicidade de sua forma. Ela entrou para a coleção permanente do MoMA, o museu de arte moderna de Nova York, e sua popularidade é cada vez mais na Europa, Estados Unidos e Japão.
Mocho
Seguimos enaltecendo o maravilhoso legado do design nacional, agora através de Sérgio Rodrigues. Embora a poltrona Mole é uma de suas criações mais conhecidas, sou apaixonada pelo banco Mocho, que foi o primeiro móvel criado por Sérgio Rodrigues a ser industrializado e vendido na sua loja Oca, em 1954. Com estrutura robusta, de madeira nativa, a peça foi inspirada em uma imagem que o designer carioca trouxe de sua infância: uma leiteira ordenhando a vaca em seu banquinho de uma perna. Incrível!
Shell
Dos designers e arquitetos Flavio Borsato e Maurício Lamosa, a poltrona Shell faz parte do acervo contemporâneo do estudiobola. Além de ser fofona e super confortável, ela incorpora diversos estilos, mesclando o vintage com uma forma aerodinâmica e um tanto masculina, de presença marcante em qualquer ambiente.
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